terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Pittsburgh!

Depois de passar meu último dia em Louisville sozinho em um prédio de 11 andares e 176 quartos, sem nem ao menos os seguranças, embarquei para minhas viagens finais na terra do Tio Obama. Escrevo agora de Pittsburgh.

1º dia: O primeiro vôo até Milwalkee foi tranqüilo, comigo sentado em um avião pequeno (3 fileiras de lugares – enfim, vôo local de menos de 2 horas) rodeado de militares, indo para casa no fim-de-semana. Diferente das minhas impressões, eles são muito gente boa! O do meu lado (com um coturno muito foda, marrom claro "areia-do-Iraque") estava se cagando de medo.
Na hora de embarcar na conexão, eu fui direto pegar as minhas malas antes de ir para o outro avião, PORÉM não estava escrito em nenhum lugar da passagem que eu não tinha que fazer isso. Resultado: quando descobri que as malas iam direto, eu tinha 10 minutos para embarcar.
Do outro lado do aeroporto.
Olha a Bonaldisse: Imagina eu correndo só de meia pelo aeroporto, com o tênis em uma mão, o casaco e o laptop em outra e a mochila aberta num ombro (tive que tirar as coisas pra passar no check-In). Chego morto no embarque:
EU: Pitts...burgh.... (respiração de cachorro asmático).
Moça: You made it. (“Você conseguiu”).
Só que eu entendi que o avião já tinha partido (tipo “it made it”). EU: NOOOO!
Moça: Não, você conseguiu. O vôo terá um atraso de 20 minutos.
Aí eu me joguei no chão, vestindo o tênis, sem fõlego, porém feliz. E o povo à minha volta rachando o bico, claro.

2º dia: Bruce, o cara do CouchSurfing (já falei que essa é a maneira mais “mochila-nas-costas" e foda de viajar? Fora que é mais barato que albergue – que não é barato porra nehuma) que está me hospedando, é um aventureiro. Com uns 40 e tanto anos, já foi acampar em lugares como a Nova Zelândia e já morou com nativos norte-americanos (ele é do Arizona). Afixionado por esportes, apesar de não dispensar o cigarro. Hoje ele me levou, junto com um amigo e as filhas desse cara, para descer uma colina na neve! E ele tem um daqueles carrinhos antigos, tipo dos desenhos do Charlie Brown! Estava -4 graus, mas por incrível que pareça, estava de boa, já não tinha vento – e eu estava com camadas e camadas de roupas impermeáveis.
Meu cabelo, preso num rabo-de-cavalo, congelou.
E Neve.
Muita neve.
MUITA. NEVE. Branquinha, macia, dá dó de pisar! Ela forma uns montes muito bonitos, absurdamente brancos e lisinhos! Mas é fria e... bem, molhada né! E levar tombos e mais tombos descendo de tobogã num ajuda muito!
Neve congela traseiros.
O dia terminou com uma ida a um Sport Bar para comer asinhas de frango (prato típico de qualquer bar americano) e umas cervejas.

3º dia: Como o Bruce é sócio dos museus daqui, ele me levou para conhecer de GRAÇA (do contrário seria 15 dólares) o Museu do Andy Warhol.
Wow.
7 andares com obras não só do pai da Pop Art, mas também exposições de pessoas como Shepard Fairley, artista plástico que fez trabalhos como o retrato do Obama para a campanha dele (aquele que está escrito "HOPE", sabe ?) , capas de discos de pessoas como Black Eyed Peas e Led Zeppelin, e cartazes de filmes, como o do "Johnny e June". E tinha também uma exposição chamada "SUPER-TRASH", com pôsteres de filmes trash (não só de terror) e underground dos anos Nem 60, 70 e 80. Nem gostei...
Depois fui para o Carnegie Museum de História Natural, com exposições de dinossauros, baleias, cultura egípcia e nativa norte-americana, bem como da vida natural em geral. Novamente de graça! (já falei que o CouchSurfing é muito legal?).
De tarde, o combinado era eu voltar para casa de busão, enquanto o Bruce estava em um jogo de futebol americano - uma final, imagine como estava a cidade. Depois uma amiga dele iria me pegar e levar para um jantar do grupo de Couchsurfers daqui de Pitts. Muito bem, lá fui eu no ponto, peguei o bus certinho, pedi para a motorista parar no local, expliquei que não sou daqui blábláblá... mas a desgraçada esqueceu de me avisar que não ia até o meu ponto, que ia parar de rodar antes! Resultado: Fiquei 40 minutos na frente de um shopping, esperando o próximo busão passar. Foi só no jantar, enquanto falávamos de filmes de terror, foi que me disseram que aquele mesmo shopping onde eu fiquei congelando a cara foi onde o George Romero filmou sua obra-prima de Zumbis, “Madrugada dos Mortos” (o original de 1975)!!!
Aliás, o jantar foi incrível. O dono da casa é colecionador de jogos de tabuleiro e coisas do gênero (ele tem mais de 1000 jogos no porão dele, e uma sala só de coisas de Halloween!), e a árvore de natal dele estava invertida, parafusada no teto (!?). Uma das outras convidadas é Chefe de cozinha de uma família rica, e trouxe umas "sobras" para a festa, como ovos de codorna com caviar, carneiro enrolado no bacon e outras guloseismas; outra é professora de dança do ventre - enfim, um grupo bem heterogêneo de pessoas do bem, divertidas e interessadas em se divertirem e conhecerem pessoas novas. Já falei que o CouchSurfing é MUITO legal? As histórias do pessoal - mesmo as ruins - sobre viagens e hóspedes foram o melhor da noite. Teve até um jogo de troca de presentes muito comum aqui nos States, chamado “White Elephant” (elefante branco), onde você leva algo bizarro que está encostado na sua casa e põem debaixo da árvore. O lance é que você nunca sabe o que vai receber. Eu ganhei duas facas para bolo de casamento, com o Gaguinho e a Petúnia, da Turma do Pernalonga, nos cabos (!!?).

4º Dia: Bruce me levou para uma caminhada básica com Benny, o cachorro de um amigo, em um parque perto de sua casa - que na verdade fica em um condado de Pitts, chamado Churchill.
6 quilômetros (em torno de 4 milhas). Na neve.
Com botas pesadíssimas que ele me emprestou – senão meu pé teria congelado. Foi muito lindo e divertido – sim, um fumante pode andar tudo isso em condições ruins e achar a experiência legal! -, apesar de meus calcanhares estarem quase em carne viva por causa das botas.

5° Dia: Em meu último dia em Pitts, o Bruce me levou para conhecer o Carnegie Museum de Artes. existem 4 Carnegie Museums aqui em Pitts; eu só não fui no de ciências. A coleção deles é bem variada, e cobre desde artes mais antigas como esculturas egípcias, como até video-instalações de artistas contemporâneos. Novamente de graça, claro.
Almoçamos no Primanti Brothers, um bar/lanchonete super-tradicional da cidade, e que possui até algumas filiais. Nada como sentar no balcão, pedir uma cerveja e um dos sanduíches tradicionais do local, cuja peculiaridade é ter um monte de batatas fritas bem no meio – é, isso mesmo.
Depois fomos conhecer a universidade de Pittsburgh, um prédio imenso que parece mais uma catedral. Além de ser aberta ao público nas férias, a universidade possui salas de aula especiais, decoradas como salas de diferentes países: Japão, Líbano, Escócia, Rússia, Israel.... claro, não tinha nada da América do Sul. Conhecemos depois a igreja da Universidade, a Heinz Cathedral. Eu realmente não gosto de ver locais como igrejas, parques e museus tradicionais, mas quando eles valem à pena e não são locais manjados para turistas (você conhece mais alguém que foi para Pittsburgh com mochila nas costas?), não vejo problemas. O dia terminou com mais uma caminhada com Benny, só que desta vez bem mais leve. Demos uma volta no cemitério da cidade, que tem uma vista linda e muita história.
Tchau Pitts.
Ô cidade linda! Cidade grande tradicionalmente americana, sem "armadilhas para turistas".

Próxima parada: Cidade de Nova York...

Um comentário:

Jullia A. disse...

AAh que sonho!! que bomq ue voce tá sugando o lado bom dos EUA.
Tem couch surfing no mundo inteiro? eu sei que eu já perguntei isso mas vale a pena confirmar.. ;P o/
beijinhos doces